sexta-feira, 21 de junho de 2013

A ausência de uma cultura desportiva

Neste momento de frustração, ninguém quer ouvir falar dos “mambas” . As pessoas tem boas razões para tal. Uma pesada derrota diante da Guiné Conacry seguida da derrota em casa frente ao Egipto que ditou o fim do sonho dos moçambicanosa de verem a sua selecção jogar no mundial que terá lugar no país irmão, Brasil, são razões suficientes para estar de decepcionado. Como é de costume, após qualquer eliminação da nossa seleção, pede-se a demissão do Treinador ou então do elenco que dirige a Federação Moçambicana de Futebol. Mas chegou a altura de vermos que o problema maior não está necessariamente com o treinador,  com a direção e muito menos com o futebol. A crise na verdade está em volta do desporto nacional, e a causa do nosso insucesso é cultural, isto é, a ausência de uma cultura desportiva.


    A cultura desportiva está relacionada com uma série de componentes que envolve um grande investimento no desporto, práticas desportivas ao nível escolar e comunitário, práticas desportivas regulares para além de uma formação profissional.  Muito se tem exigido dos nossos atletas mas o investimento que se aplica neles é relativamente baixo e as práticas desportivas são quase inexistentes.

O governo ou as instituições de governação local tem o papel de zelar pelos investimentos no desporto. Este investimento consiste na criação de infraestrutura e condições básicas que possibilitam a prática desportiva. Quando falamos de Infraestrutura estamos a falar de espaços que permitam a actividades desportiva, tais como campos de ténis, piscinas, salões de ginásio, etc. Só quando houver um investimento significativo na infraestrutura podemos falar de formação.

    A formação é uma etapa fundamental no ciclo de produção de atletas de alta qualidade. Esta consiste na profissionalização de atletas numa modalidade específica. Mas para haver formação é necessário que haja um grande contributo da escola e da comunidade. A disciplina de Educação Física visa iniciar os alunos à prática desportiva. Mas a falta de material e de infraestrutura, a falta de formação de qualidade dos professores que leccionam esta disciplina curricular dificulta a transmissão de uma cultura desportiva aos alunos.

    Para que o desporto produza grandes resultados é necessário que haja um grande número de pessoas interessadas nela. Uma das razões pelas quais os clubes nacionais não mobilizam populações deve-se ao facto de não representarem uma determinada comunidade. Tomemos as equipas do moçambola como exemplo: à que comunidades representam os clubes do Ferroviário de Maputo, Deportivo de Maputo? Porquê Maxaquene, clube que ostenta nome de uma comunidade (ou bairro) tem as suas instalações fora dessa mesma comunidade? Experiências ao nível de outros cantos no mundo mostram que os clubes de desporto tendem a obter grandes massas de apoiantes quando representam uma bandeira local.

    O planeamento urbano e a estrutura dos bairros, particularmente ao nível da cidade de Maputo não levam em conta as práticas desportivas. No planeamento de novas zonas de habitação não são projectados espaços para actividades desportivas. Os escassos espaços existentes destinados as práticas desprtivas nas comunidades são tomados pelos mercados ou ou para habitação.
    A campeã olímpica e mundial que muito nos orgulhou foi fruto do acaso. O quarto lugar que a selecção de Hóquei em Patins conquistou no último mundial foi fruto do acaso. Para que não vivamos do acaso é necessários desenvolver-se uma cultura desportiva no nosso país.
Tomás Queface



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